Lembro da minha primeira visita a praia. Eram 7:00 AM, talvez um pouquinho mais, o céu estava nublado mas isso não me desanimou, eu tirei meus chinelos e fui caminhando na areia, e chegando devagar perto do mar, a sensação do mar levando a areia dos meus pés e a instabilidade que isso me trazia, e a sensação que eu iria cair a qualquer momento dava um certo medo, mas era revigorante ter o mar batendo devagar em minhas pernas enquanto eu caminhava meio sem destino, fui caçando conchinhas no caminho. Com o passar do dia o sol foi aparecendo, era um presente pra tornar tudo ainda mais incrível. Fiquei sentada sozinha na areia, meu irmão descaradamente me abandonou lá, mas eu não me importei, eu não queria conversar, eu queria ficar sentada olhando o mar, sem precisar dizer nada, só ouvir o barulho que ele fazia, era um daqueles momento que eu pensava que a vida deveria ter uma trilha sonora, imaginava Eddie Vedder tocando ao fundo enquanto meus cabelos embaraçavam com o vento, parecia que iria combinar com o momento, senti falta de alguém em especial junto la comigo, peguei meu celular e tentei ligar para ele, dividir aquele momento com alguém que o entenderia tanto quanto eu, mas na hora ele não atendeu e acabei ficando ali olhando o mar do mesmo jeito que eu tinha começado. Já teve a sensação de ter encontrado o lugar que sempre procurou? Eu tinha encontrado o meu ali, eu demorei para conhecer a praia pela primeira vez, e sempre pensei que seria um lugar que eu não gostaria. Talvez tenha sido bom esse encontro ter demorado para acontecer, o momento do ocorrido foi propicio ao que minha mente precisava encontrar, um lugar calmo, com uma bela trilha sonora natural, então hoje em dia penso que na verdade não demorou, só não era hora de acontecer, aconteceu quando eu já sabia que aquilo ali era muito mais que uma praia, era o lugar que eu poderia fugir quando quisesse ficar sozinha comigo mesma, quando a minha mente gritasse por um pedido de socorro, tanto quanto está gritando agora.